Eclipses

Ontem foi dia de eclipse do Sol. Isso veio colocar as coisas em perspetiva.

Às vezes uma pequena situação pode ofuscar uma grande luz.

Nessa altura a melhor forma de ver é fechar os olhos.

Um eclipse do Sol acontece quando a Lua fica alinhada entre a Terra e o astro rei. É espantoso como o Sol, mesmo sendo 27 milhões de vezes maior que a Lua, fica escondido atrás dela. Na verdade, é porque está tão longe que parece pequeno.

Connosco é mais ou menos igual. As situações que estão mais perto parecem maiores. Subitamente, um acontecimento, meros minutos, segundos talvez, na nossa existência, tornam o nosso dia, a nossa vida, complicados e penosos.

Há momentos verdadeiramente desafiantes. De perda. De doença. De dificuldade. Esses devem ser experienciados dentro do seu patamar de emoções. De dor, de saudade, de adaptação e muitas vezes de mudança.

Depois há os outros. Uma buzinadela no trânsito. Um comentário do chefe. O vizinho ruidoso. O atraso de manhã. A sopa fria ao almoço. Ali, plantados no meio do nosso dia para estragar tudo. Transformar o nosso humor de forma irreparável. Disparando azedume. Pior. Vamos contar a alguém, partilhar o fel. Num festival de críticas e julgamentos.

Enfim… É tudo uma questão de perspetiva. O Sol brilha lá atrás dessas pequenas (e até das grandes) Luas da vida. Se encurtámos a visão, não conseguimos perceber mais além. Continuaremos a viver na cabeça, entre acção e reacção, pensamento e emoção.

Mas, se tivermos um momento para olhar para dentro e dar a real importância aos acontecimentos do quotidiano, talvez encontremos um novo estado de espírito. Mais calmo, consciente e distanciado das acções dos outros.

Deixemos os eclipses desta vida passar. Sabendo distinguir os que são realmente importantes.

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